Por que os Cardinals tiveram que dar tudo que Kyler Murray queria.
22/07/2022
Fonte: Espn
Kyler Murray finalmente conseguiu o contrato que tanto queria nesta quinta-feira, e o Arizona Cardinals finalmente conseguiu uma estabilidade na posição de quarterback que eles procuram há décadas.

Os Cardinals não tiveram escolha.

A extensão de cinco anos de Murray, que pode chegar a 230,5 milhões de dólares (R$ 1,2 bilhão) com 160 milhões garantidos (R$ 880 milhões), vai mantê-lo sob contrato até a temporada de 2028. Se ele cumprir a totalidade do contrato, ele vai se tornar o segundo quarterback com mais tempo na história do time, atrás apenas de Jim Hart, que disputou 18 temporadas pelo St. Louis Cardinals, de 1966 a 1983.

Essa é uma das principais razões de o Arizona ter feito esse acordo com Murray.

Estabilidade na posição de quarterback e longevidade era um problema que os Cardinals já enfrentavam desde que mudaram para o Arizona em 1988. Carson Palmer e Kurt Warner, cada um jogou por cinco anos no Arizona, e Jake Plummer jogou seis. Murray pode mudar essa narrativa, e os Cardinals sabiam disso.

Murray também.

Na teoria, os Cardinals tinham escolhas quando decidiram por Murray. Eles poderiam ter esperado para ver como o duas vezes Pro Bowl jogaria essa semana, e depois preparar um novo contrato durante a pré-temporada de 2023. Ou eles poderiam ter decidido seguir em frente. Na realidade, esperar não era viável.

Um dos grandes riscos na NFL é olhar atrás da porta nº 2, especialmente com relação a quarterbacks. Arizona poderia ter se desfeito de Murray e draftado um quarterback, contratado um veterano livre no mercado ou optado por outro jogador no elenco, mas isso manteria os Cardinals no mesmo ciclo de mediocridade.

Murray tinha toda a vantagem quando o assunto era seu novo contrato. Murray demonstrou resistência, mas o treinador Kliff Kingsburry se preocupou durante o minicamp em junho que essa era a possibilidade. Murray e seus representantes conhecem toda a história do Arizona e o que já havia feito pela franquia ao ajudar ano após ano a equipe a melhorar depois que eles chegaram ao fundo do poço em 2018, quando foram 3-13. Aquela temporada fez os Cardinals pegarem ele como a escolha nº1 no draft da NFL em 2019.

Murray não foi perfeito nesses três anos com os Cardinals, mas ele tem sido tão bom quanto, se não melhor que, qualquer quarterback que eles tiveram. Ele é o único jogador na história da NFL com 70 passes para touchdown e 20 corridas para touchdown em suas três primeiras temporadas. Ele é o único quarterback dos Cardinals a lançar 3500 jardas e 20 passes para touchdowns em três temporadas seguidas.

Suas 13266 jardas combinadas de passe e corridas é a terceira maior marca da história da liga nas três primeiras temporadas. Ele fica atrás apenas de Andrew Luck e Cam Newton. Somando seus dois Pro Bowls e seu troféu de Rookie of the Year de 2019 e os Cardinals estão pagando um dos melhores quarterbacks na NFL.

Entretanto, Murray vem com alguns “pontos negativos”. Ele se contundiu nas últimas duas temporadas, impactando não apenas sua forma de jogar mas a trajetória dos Cardinals na temporada. Uma entorce no tornozelo na última temporada atrapalhou o que poderia ser uma temporada de nível MVP. Seu QBR total (65.1), porcentagem de passes completos (73%) e jardas por tentativas (8.9) em setembro e outubro na última temporada ficaram todos no top 5. No resto do ano essas taxas caíram (47.5, 65% e 6.7, respectivamente).

Kingsbury fala há muito tempo sobre Murray melhorar sua linguagem corporal em campo, chegando ao ponto de mostrar os vídeos do quarterback de como Aaron Rodgers, Tom Brady e Russell Wilson se comportam.

Apesar das preocupações com ele, Murray impressionou com seu estilo, seja um movimento de corpo, uma corrida ou um lançamento. Ele mostrou que pode fazer passes difíceis nessa temporada, com uma taxa de passes completos 3,9% acima do esperado - a segunda maior marca entre os quarterbacks qualificados, atrás de Joe Burrow.

O novo contrato de Murray traz expectativas. Arizona teve dificuldades para terminar as duas últimas temporadas, terminando em 2020 perdendo cinco de suas últimas sete partidas e seis de suas últimas nove partidas, e depois terminando na última temporada, perdendo quatro de suas últimas cinco, incluindo uma derrota triste no wild-card para o Los Angeles Rams.

Para provar que Murray era merecedor de um contrato - um que dá a ele a segunda maior quantia de dinheiro garantido, atrás de Deshaun Watson (230 milhões de dólares), e a segunda maior média por ano atrás de Rodgers (50,3 milhões de dólares - R$276 milhões) - Murray precisa fazer mais do que levar o Arizona de volta aos playoffs em 2022. Ele precisa ganhar uma partida de playoff. Pelo menos uma. Isso não será fácil sem seu melhor playmaker ofensivo, o wide receiver DeAndre Hopkins, que está suspenso nas primeiras seis partidas da temporada, sem falar na necessidade de conseguir manter as coisas em ordem na segunda metade das temporadas.

Murray recebeu seu dinheiro e já iria recebê-lo em algum momento.

Agora ele tem que fazer jus a ele.