Patrick Mahomes x Tom Brady: Um encontro de gerações no Super Bowl LV.
28/01/2021
Fonte: Espn
Grandes atletas abominam totalmente aquela história de "passar a tocha". Eventualmente, porém, todo reinado termina.

O que nos leva ao Super Bowl LV.

Em duas semanas, no Raymond James Stadium, em Tampa Bay, o quarterback do Kansas City Chiefs, Patrick Mahomes, finalmente terá o que almejou por mais de dois anos: outra oportunidade de enfrentar Tom Brady na pós-temporada e potencialmente adicionar a única peça que falta na ainda muito jovem carreira vitoriosa que tem.

E vai acontecer no maior palco de todos. Mahomes fez a sua parte para liderar os atuais campeões com um desempenho normal (para os seus padrões; mas espetacular para todos os outros) no domingo à noite na vitória por 38-24 sobre o Buffalo Bills na final da Conferência Americana.

Mahomes completou 29 de 38 passes para 325 jardas e três touchdowns, enquanto superava o quarterback do Bills, Josh Allen, que é frequentemente mencionado como um dos poucos QBs equipados para desafiar Mahomes em busca da supremacia da liga no futuro. Do outro lado, Brady, em sua primeira temporada com o Tampa Bay Buccaneers, conseguiu liderar sua equipe a uma vitória para cima do Green Bay Packers na final da Conferência Nacional.

Então agora teremos a segunda parte de Mahomes x Brady nos playoffs para decidir o campeão desta temporada da NFL.

O atual GOAT contra o futuro potencial GOAT disputando o Super Bowl. Se algo for melhor do que isso, não sabemos o que é ainda.

Em uma linha lateral estará Brady, cujos seis títulos são o recorde de um quarterback na era do Super Bowl, e que definitivamente não está interessado em sumir no segundo plano para que Mahomes ou qualquer outra pessoa possa comandar os holofotes. Mahomes estará no lado oposto do campo, tentando repetir, ou “correr atrás”, como os Chiefs gostam de dizer. Seria ótimo se Mahomes vingasse sua única derrota nos playoffs, uma que Brady ajudou a arquitetar em um jogo pelo título da AFC quando ainda jogava no New England Patriots. “Ir lá e ter a chance de disputar o título de novo, e fazer isso contra os melhores, é algo especial”, disse Mahomes, que brilhou depois de sofrer uma lesão no dedo do pé e entrar no protocolo de concussão na vitória dos Chiefs na rodada de abertura dos playoffs contra o Cleveland Browns.

Em apenas sua terceira temporada como titular, Mahomes está 6-1 nos playoffs. A única mancha em seu histórico brilhante? Uma derrota por 37-31 na prorrogação da final da AFC de 2019 para o New England Patriots liderado por Brady.

Mahomes é o quarterback mais jovem a ter um anel de campeão do Super Bowl, ser o MVP do Super Bowl - tendo realizado ambos os feitos aos 24 anos - e um prêmio MVP da liga.

Agora com 25 anos, Mahomes é o mais jovem QB a jogar três finais de conferência consecutivas. Exceto por algum imprevisto, ele se tornará o mais jovem a ser titular em dois Super Bowls. A lista de realizações de Mahomes é tão impressionante quanto seus passes longos. E para ele, não é o suficiente. Não mesmo.

Da forma como Mahomes está programado, sua derrota nos playoffs ainda o irrita. Ele nunca vai reconhecer isso publicamente, no entanto. Mas não precisa. Suas ações revelam seus verdadeiros sentimentos. Não importa que os Chiefs tenham sido derrotados por pouco pela franquia de maior sucesso desta geração, que foi comandada em campo por Brady - de longe o QB mais vitorioso da história da NFL. Mas Mahomes não suporta que os Chiefs tenham sido eliminados daquela maneira.

Isso porque Mahomes é absurdamente mesquinho. Ele guarda rancor como se estivesse sendo pago para fazer isso. Mas não entenda errado. Para um atleta de ponta, não há elogio maior.

Mahomes é mesquinho da mesma maneira que LeBron James é mesquinho. Mahomes, James e o resto de sua turma espetacularmente talentosa - Brady faz parte do grupo também - veem o mundo pelas mesmas lentes distorcidas, deixando para nós, os espectadores, toda a diversão.

Depois que surgiu a notícia de que James terminou em segundo lugar para Giannis Antetokounmpo na votação do MVP da última temporada da NBA, James fez de tudo, menos esconder sua raiva. Ele deixou claro que tinha levado para o pessoal. James reconheceu que o desprezo ajudou a alimentá-lo na condução do Los Angeles Lakers ao título da NBA da última temporada. O fato de Antetokounmpo merecer o prêmio era irrelevante. James usa todos os tipos de desprezo, reais e imaginários, e desapontamento para ajudar a elevá-lo mais ainda.

Por mais habilidoso que James seja nisso, ele não chega aos pés de Michael Jordan. No documentário Last Dance, Jordan explicou repetidamente que "levoi para o lado pessoal". O ofendido Jordan escalou tantas montanhas com a ajuda de tantos (e principalmente imaginários, aparentemente) ataques, que era difícil acompanhar todos eles.

Agora, de volta a Mahomes.

Por algum tempo, ele está em uma espécie de turnê de vingança. Tudo começou na última temporada durante uma vitória sobre o Chicago Bears.

Mahomes foi mostrado contando até 10 nos dedos enquanto celebrava um passe para touchdown. Para os torcedores casuais da NFL entre nós, uma breve lição de história: os Bears, objetivamente, tomaram uma decisão terrível ao deixar Mahomes passar no draft de 2017 e selecionar o quarterback Mitch Trubisky com a segunda escolha geral (Mahomes foi o 10°). Os Bears realmente fizeram outro movimento estúpido naquele draft, deixando o quarterback Deshaun Watson passar também (ele foi para o Houston Texans em 12°), mas isso é uma outra história para um outro dia.

Durante uma vitória dos Chiefs no início desta temporada sobre o Baltimore Ravens, Mahomes novamente foi mostrado contando, dessa vez até quatro. Antes desta temporada, Mahomes foi classificado em quarto lugar na lista anual dos 100 melhores jogadores da NFL. O quarterback dos Ravens, Lamar Jackson, foi escolhido em primeiro lugar. No domingo, Mahomes derrotou outro adversário direto, o QB Josh Allen.

Mahomes está perpetuamente em busca de uma vantagem, um impulso suficiente para ajudá-lo a ser melhor do que o outro cara. E como Brady é o último cara que fica entre ele e o segundo anel consecutivo, o QB dos Chiefs precisa de todas as vantagens que puder conceber.

Depois de polir suas credenciais para o Hall da Fama durante uma longa corrida de contos de fadas com os Patriots, Brady se livrou do técnico, Bill Belichick, e seguiu para o sul. Aos 43, Brady desfrutou de outra temporada sensacional ajudando os Buccaneers a se tornarem a primeira franquia a jogar um Super Bowl em sua própria casa.

Brady está indo para o seu 10° Super Bowl. Para colocar esse número surpreendente em perspectiva, é preciso entender que Brady, supondo que nada de imprevisto ocorra em 7 de fevereiro, terá jogado em 18% de todos os Super Bowls já realizados.

Não surpreendentemente, o respeito de Mahomes por Brady é fora de série. Mahomes se esforça, em grande parte, para chegar onde Brady já esteve muitas e muitas vezes. E isso só torna o fogo competitivo dentro de Mahomes ainda mais intenso.

“O Super Bowl é o Super Bowl. Ser capaz de enfrentar um dos maiores, senão o maior, QB de todos os tempos, no seu 150° Super Bowl, quero dizer, vai ser uma grande experiência para mim ”, disse Mahomes. “O trabalho ainda não terminou. Quando começamos a temporada, não estávamos falando sobre ir ao Super Bowl. Estávamos falando sobre vencer novamente. Estamos tentando fazer tudo isso outra vez”.

Já dissemos isso antes, mas vale a pena repetir: seu nome é Patrick Lavon Mahomes II. Agora, ele é o melhor. E logo, em outro confronto decisivo contra o maior de todos os tempos, ele provavelmente terá a chance de fechar a porta de uma era para sempre e dar início a outra: sua própria era.